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Até Mais, e Obrigado Pelas Críticas!

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O telefone tocou enquanto eu terminava mais um post no blog. Era Jessy ligando-me e era impossível não atende-la, uma velha amiga.

– No que posso lhe ser útil, amiga?

– Cris, tem um cara detonando com você e seu blog no facebook? – disse ela com o habitual ar sínico, sua marca registrada.

Por alguma razão isso não me preocupou tanto quanto poderia à alguns anos atrás, quando o simples sorriso de alguém enquanto explicava um trabalho para a classe toda poderia me lançar num abismo de vergonhas e horror.

***

A Critica é uma velha conhecida.

Durante muito tempo mantive dentro de mim, ideias, pensamentos, sonhos e talentos aprisionados por medo da opinião pública. Isso limitou muito quem eu viria a ser nos próximos anos, atrasando meu autoconhecimento pela tolice de ouvir demais algumas pessoas ou pelo o que poderia ser dito.

Todos têm esse medo do que possam achar de nós. Medo de ser alvo dos comentários maliciosos na escola, os murmurinhos no banco de trás na igreja e os dedos apontados no meio da rua. É algo terrível ser o centro das atenções, alem do mais, visto como um idiota bancando o macaco de circo.

Mas afinal de contas, o que você acha de si mesmo?

A nossa opinião sempre fica abaixo de qualquer outra. Nunca temos certeza do que iremos fazer se essa coisa for algo a mercê do que os outros irão achar. E isso é errado!

A nossa escolha, o nosso pensamento tem de ser o primeiro a ser relevado, criando um crivo por onde passaremos perguntas como: “Eu gosto disso? Isso me torna feliz? Independente do que acharem, vou sempre continuar em frente?”. Isso não é um “Achismo” descontrolado, é a simples valorização de quem você é realmente. Não ter limites e ser indestrutível as criticas negativas, de único proposito de nos manter no fundo do poço, calados e quietos.

Mesmo cheio de erros, defeitos e manias, faça o que bem entender, somente não prejudique ninguém e respeite o desejo dos outros de ser o que eles desejam ser. No demais, seja alguém sem limites!

***

– Cris, você ainda está ai? – Acabei me esquecendo da jessy no telefone por alguns segundos.

– Sim, amiga! – disse eu voltando do transe – Bem, isso é bom, pelo menos tenho outro novo leitor dos meus erros diários!

E rimos daquela ironia.

As Tuas Palavras!

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Suas mãos repousavam sobre o colo enquanto o corpo, delicadamente reclinado, balançava num suave movimento sobre a cadeira de balanço. Uma visão tão atípica para os dias atuais, que eu nunca pensara em minha vida ver tamanha vivacidade em um corpo tão envelhecido.

Ela sorria enquanto recordava nitidamente os últimos 85 anos. Meu coração deleitava-se com toda a narrativa. Sentado próximo aos seus pés, uma perna cruzada sobre as outras, transformei-me em uma tola criança, desenhando um véu de sonhos antigos dentro do meu imaginário construindo a cada detalhe o fascínio pelas antigas historia daquela senhora, minada pelos anos e enfraquecida pelas lutas.

Ouvi sua vida como se me torna-se o protetor de todas aquelas memórias, tentando manter viva aquela pessoa numa eterna historia sem fim.

Adoro ouvir relatos de vidas antigas, pessoas idosas falando como em seu tempo tudo era diferente. Amores, trabalho, política, crimes, sonhos, etc. De como era difícil viver sem as regalias do mundo moderno. Mães lutadoras, pais ríspidos, desejos oprimidos. Uma felicidade de viver boêmios e santos, cheios de uma valsa doce de palavras cantadas pelo único rádio da rua. Crianças penduradas na janela para assistir o primeiro desenho preto em branco nos televisores da família mais “rica” do bairro.

“Mamãe lavava roupa naquele rio ali, quando ainda era possível nadar e pescar lambaris”, dizia ela, os olhos trêmulos, lutando contra a nevoa do esquecimento, “uma vez vi um veado ali, criatura mais linda, nunca contei para papai, tinha medo de ele sair e caçar o bichinho!”, riu-se toda das troças infantis que contava sobre a roça e seus amiguinhos e de lembrar-se deles sofrera um segundo pensando se algum ainda estaria vivo.

Nem vi a hora passar!

Queria mais de seus contos e sua historia, mas não era mais possível. Sinceramente, lamentei por não poder aproveitar a sua doce companhia porque não a mais veria em minha vida. Não sei se vives ainda após esse um ano, mas serei sempre grato por contar-me sua historia e nunca me esquecerei de suas palavras.

“Todos temos uma historia, o problema é que não existe quem as queira ouvir”, disse balançando em sua cadeirinha.