Tem aquela hora que você se sente o Eduardo e pensa: “Festa estranha como gente esquisita!”
Estamos no lugar errado, na hora errada, com as pessoas que nada tem haver com nosso ritmo de vida e você se pergunta o que diabos está fazendo ali! Isso acontece com todo mundo quando tentamos nos inserir num novo núcleo social, num grupinho de pessoas ou mudar de religião porque arranjou uma namorada budista.
No fim, a gente percebe que não nos sentimos bem nessa nova onda e quer voltar pra nossa praia de sempre. Agora resta saber como sair dessa.
Isso é fácil, diz que vai ali comprar chiclete e te enfia no primeiro ônibus e pronto, você troca de telefone e apaga todo mundo do facebook (não se esqueça de bloquear também, para que ninguém lhe encontre na pesquisa).
Brincadeiras aparte, vivemos procurando novos amigos e as vezes fica difícil escolher bem, porque a opção pouco varia. Um exemplo sou eu, como sempre!
Moro numa dessas cidades onde a diversão essência do povo está entre ir a igreja rogar pelo perdão dos pecados ou ir para alguma festa encher o rabo e cometer alguns pecados para no domingo ir, de ressaca, para igreja pedir perdão por aquele copo de vodka barata, que foi seu convite ao banheiro publico e conversar com o Raul.
Bem, religião não é um dos meus forte e já admito que já pedi, “toca RAUUUUL!”.
Mas a gente se cansa com o tempo, quando começa a lembrar de coisas e isso vai lhe causando um vazio por dentro. Coisas que você costumava curtir com algumas pessoas e isso lhe definia porque o elo maior entre você e seus amigos do passado era isso. Uma vida em comum.
Gostávamos de jantar em grupo e após beber uma garrafa de vinho e falar das coisas legais da vida. Ouvíamos musicas junto e quando alguém ouvia o novo álbum da Joss Stone corria para ligar pra todo mundo e grudar o fone na caixa de som do computador.
Íamos juntos no cinema chorar um pouco com os desenhos da Pixar. De vez em quando tinha aquela maratona de filmes e Assistíamos longas estranhos em Francês. Brigávamos mortalmente defendendo um ator e cortávamos laços de amizade até o dia seguinte, quando a Joss Stone lançava outro álbum.
Adorávamos caminhar por ai. Ir para o parque e nos deitar e só conversar sobre as mesmas coisas, mas sentindo a grama por debaixo das nossas costas, massageando o corpo e nos invadindo de sono sobre o sol da primavera. Tirar fotos estranhas, invadíamos os sebos que encontrávamos pelo caminho e sempre queríamos levar tudo conosco. Riamos como um bando de retardados que éramos. Como simples amigos.
Sei que não deveria viver de passado, mas acho que isso é o reflexo do mundo que tenho de conviver ultimamente. A falta de pessoa que valorizam a simplicidade das outras e não se pegam a uma falsa vida de futilidades como o apego matéria ou status social me obriga a sentir esse desejo que o relógio pare e comece a correr para trás. Tem hora que me pego olhando para o telefone esperando alguém me ligar e disser: “Oi amigos, que tal sair e fazer um picnic?”
Acho que é nessa hora que me pego sentindo saudades, quando estou com um copo de vodka na mão, sentindo tudo girar dentro de mim e começar a procurar um banheiro publico botar pra fora essa carência de amigos loucos.